terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Antibióticos em risco de extinção


A resistência aos antibióticos pode significar a extinção destes medicamentos, por perda de eficácia.

Em 2011, foram vendidas mais de nove milhões de embalagens de antibióticos, em Portugal, tendo havido menos de seis milhões de prescrições nos primeiros nove meses do mesmo ano, segundo dados da consultora IMS Health disponibilizados ao SOL.

Tal acontece apesar das campanhas existentes contra a auto-medicação e de o INFARMED sublinhar que «todos os antibióticos necessitam de receita médica».

Carlos Martins, médico de família, admite que prescreve antibióticos com alguma frequência «nas consultas não programadas, motivadas por doença aguda». Embora seja um adepto da «capacitação» das pessoas em identificarem o seu estado de saúde, é peremptório: «Na área dos antibióticos é determinante a prescrição médica».

Para o especialista em clínica geral, o uso generalizado ou incorrecto deste tipo de medicamentos pode fazer-nos regressar à primeira metade do século XX, «quando as doenças infecto-contagiosas eram as grandes responsáveis pela taxa de mortalidade».

Por outro lado, há quem considere que o perigo da utilização intensiva de antibióticos «ultrapassa muitas vezes o domínio médico, pois são também largamente utilizados na criação de gado, na piscicultura e na indústria alimentar», afirmam Manuela Caniça e Eugénia Ferreira, do Laboratório Nacional de Referência das Resistências aos Antimicrobianos do Instituto Ricardo Jorge, em Lisboa.

Actualmente existem no mercado 220 antibióticos (dados da IMS Health), que possuem mecanismos de acção diferentes, havendo bactérias que são eliminadas apenas por antibióticos muito específicos, o que torna as indicações de um médico essenciais. «Os antibióticos de curta duração, que se pensa servirem para tudo, são um mito», alerta Carlos Martins.

O bom uso dos antibióticos depende, por isso, da prescrição e da indicação da posologia e duração. A interrupção de um tratamento devido ao desaparecimento de sintomas faz com que as bactérias que não foram eliminadas se tornem resistentes ao antibiótico, sendo esse um dos motivos para a diminuição da sua eficácia.

Chegou-se a um ponto em que se poderá dizer: ‘Se não morrer da doença, morre da cura’.

Até porque, na Europa, «25 mil pessoas morrem, por ano, devido a microrganismos resistentes», de acordo com a recém-criada Aliança para a Preservação do Antibiótico, uma plataforma que envolve instituições como a Direcção-Geral da Saúde (DGS), o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge e entidades ligadas aos profissionais de saúde humana e animal.

Os números são reveladores: 70% das bactérias causadoras de infecções hospitalares são já resistentes a pelo menos um antibiótico. «A principal causadora de uma simples infecção urinária, tão comum no género feminino, é resistente em cerca de 30% dos casos ao antibiótico mais frequentemente utilizado para a tratar», diz ao SOL José Artur Paiva, coordenador do Programa Nacional de Resistência Antimicrobiana da DGS. «Mais, existe já um pequeno mas relevante número de bactérias resistentes a todos os antibióticos – as pan-resistentes», acrescenta.

Os números vão aumentar, sobretudo se não seguirmos a dosagem correcta, se interrompermos a duração do tratamento recomendado e se continuarmos a tomar antibióticos sem ser necessário.

Dados recentes do Eurobarómetro indicam que 78% dos portugueses acreditam que os antibióticos são eficazes em gripes e constipações, quando na verdade estas patologias, como a maioria das infecções das vias aéreas, são causadas por vírus – contra os quais os antibióticos não produzem efeito.

Portugal é dos países onde mais se toma antibióticos e regista vendas «muito superiores às de outros países europeus, como a Holanda e os países escandinavos», sublinha José Artur Paiva.

Um risco colectivo

De facto, as bactérias – mesmo as que vivem em ‘harmonia’ connosco – têm uma enorme capacidade de se modificarem. «Quando são expostas a um antibiótico, há uma selecção positiva das mutantes resistentes, que se multiplicam e acabam por se transmitir de pessoa em pessoa, seja de forma directa seja através do ambiente», explica o responsável do Programa Nacional de Resistência Antimicrobiana. Os antibióticos são, assim, medicamentos especiais porque, ao contrário dos outros fármacos, «têm implicações não só no indivíduo tratado como também nos seus circunstantes e no meio ambiente. Têm um risco colectivo».

A resistência bacteriana está, por isso, associada à sua utilização e consumo. De acordo com a IMS Health, do total das prescrições 14% foram para tratar casos de pulpite – inflamação da polpa dentária – e outros 14% para amigdalites. As otites e as infecções respiratórias e urinárias também estão no topo das razões para a toma de antibióticos. Aliás, segundo fonte do INFARMED, «o mais dispensado é a amoxicilina+ácido clavulcânico», que se destina a tratar exactamente esse tipo de infecções.

Mais informação, menos comprimidos

Existem outras razões para o aumento da resistência. «A existência de antibióticos e de bactérias resistentes aos antibióticos, no ambiente e nos alimentos, são factores a considerar», dizem Manuela Caniça e Eugénia Ferreira, do Instituto Ricardo Jorge, bem como «a capacidade de passagem do ADN entre diferentes bactérias».

Depois, há a acrescentar a facilidade de propagação de bactérias resistentes, devido às trocas comerciais de alimentos e ao número crescente de viagens efectuadas pelas pessoas. E também o facto de haver uma investigação diminuta de novos fármacos antibióticos.

Segundo José Artur Paiva, é necessário «envolver o prescritor médico, o prescritor veterinário, o farmacêutico, o enfermeiro, o distribuidor grossista, o cidadão/utente, o especialista ambiental e o político» para melhor abordar o problema. O responsável reforça que «uma sociedade mais bem informada consumirá menos antibióticos».

joana.andrade@sol.pt

Nota: neste artigo publicado na última edição em papel, com o título «Morrer da Cura», por lapso foi escrito que os números de vendas (mais de nove milhões) correspondiam aos primeiros nove meses. No entanto este número é representativo das vendas totais de 2011. Apenas as prescrições correspondem aos primeiros nove meses. O SOL pede desculpa pelo engano, já aqui corrigido na versão online.



Fonte: Vida/Sol


# publicada por Jorge M. Gonçalves : 07:20

Como aliviar a ansiedade?


Como diminuir a ansiedade do dia-a-dia é a pergunta à qual, ao longo da sua carreira, Jane Plant - cientista da British Geological Survey - tem procurado dar resposta. No seu novo livro, 'Beating de Stress, Anxiety and Depression: Groundbreaking Ways to Help You Feel Better', Plant deixa uma série de conselhos e sugestões que aqui resumimos.

Quebrar hábitos

Para muitas pessoas a ansiedade é um padrão de vida, herdaram-no dos seus pais e não sabem como deixar de ser ansiosos relativamente a tudo e todos. A primeira coisa a fazer é tomar consciência de que se é ansioso e transformar essa maneira de viver.

Ver as coisas com lógica

As pessoas muito ansiosas pegam num simples facto e constroem todo um cenário assustador. Devem por isso tomar consciência de todos os factos antes de começarem a preocupar-se desnecessariamente.

A dieta

É muito importante que o cérebro tenha os nutrientes correctos. E Plant aponta que muitas pessoas que são ansiosas são deficientes em magnésio. Cortar no álcool e na cafeína e no álcool é uma forma fácil e eficaz de reduzir a ansiedade.

É essencial respirar!

Praticar exercício é muito importante. Yoga ou tai chi são exercícios bastantes relaxantes e calmantes. No entanto, ao longo do dia, é essencial parar e lembrar-se de respirar correctamente: coloque uma mão acima da barriga e a outra abaixo, respire 10 vezes de forma a sentir as suas mãos subirem e descerem.

Viva o momento

Deixe de se preocupar com o passado e o futuro, concentre-se no ‘agora’. Em vez de estar constantemente a sofre com o que aconteceu ou pode acontecer, concentre-se na actividade que está a desempenhar, seja ela andar, subir escadas ou simplesmente respirar.

Regresse à natureza

Passe tanto tempo quanto possível no exterior junto da natureza. Passear no parque ou cultivar os seus próprios vegetais podem ser actividades que o façam relaxar e sentir a sua utilidade no mundo.



Fonte: SOL


# publicada por Jorge M. Gonçalves : 07:07

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Azeite e óleo de girassol não aumentam risco de doenças cardiovasculares


A cozinha dos países mediterrâneos tem colocado nações como Portugal ou Espanha no grupo dos menos afectados pelas doenças cardiovasculares, associadas a uma alimentação baseada em gorduras e fritos, entre outros factores. Um estudo sobre a população espanhola agora publicado, mostra que a utilização de alimentos fritos, tipicamente no azeite e no óleo de girassol, não aumenta o rácio destas doenças ou da mortalidade, mesmo no grupo de pessoas que mais consome.

A investigação feita por uma equipa espanhola da Universidade Autónoma de Madrid e do Consórcio de Investigação Biomédica em Rede de Epidemiologia e Saúde Pública foi publicado no British Medical Journal e serviu para avaliar quais os riscos da utilização de gordura nos hábitos alimentares da população espanhola para as doenças cardiovasculares.

As gorduras têm dois papéis importantes nas doenças cardiovasculares. “A sua composição rica em colesterol faz aumentar este composto no sangue”, explicou ao PÚBLICO Mário G. Lopes, médico cardiologista e presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia. Por outro lado são a fonte das Lipoproteínas de baixa Densidade (LDL, sigla em inglês), também chamadas de “más gorduras”.

“Quando o LDL no sangue é elevado, enferruja e faz a obstrução das artérias. Quando é no coração causa um enfarte, no cérebro causa um AVC, mas é um processo geral”, disse o especialista, que é professor catedrático da Faculdade de Medicina de Lisboa. Além do colesterol, o risco das doenças cardiovasculares é maior nos homens, e aumenta com a idade, o consumo de tabaco, os diabetes e a tensão alta.

O estudo espanhol olhou especificamente para aterosclerose coronária, que é a obstrução dos vasos sanguíneos do coração. Para isso, a equipa espanhola reuniu a informação de 40.757 adultos com uma idade compreendida entre os 29 e os 69 anos divididos entre o Norte e o Sul de Espanha, que começaram a ser seguidos entre 1992 e 1996, e terminaram de ser seguidos em 2004.

A equipa aferiu dados como a educação, os hábitos alimentares, os hábitos de tabaco. Dois terços da população eram mulheres. De tempos em tempos era feito um inquérito sobre os hábitos de consumo alimentar, principalmente de fritos, que em Espanha são normalmente feitos em azeite e em óleo de girassol. Com estes dados, foi possível dividir a população em quatro grupos, dos que ingeriam menos até aos que ingeriam mais alimentos fritos.

A população analisada não tinha doenças cardiovasculares quando aceitou entrar no estudo longitudinal. Quanto a análise terminou, 606 pessoas sofreram enfartes e houve 1134 mortes. Mas, tanto os problemas cardiovasculares como as mortes estavam distribuídos igualmente pelos quatro grupos com diferentes registos de consumo de gorduras e fritos.

“Em Espanha, um país Mediterrâneo onde o azeite e o óleo de girassol é utilizado para fritar, o consumo de comida frita não está associado com a aterosclerose coronária ou com todas as causas de mortalidade”, explica a conclusão do artigo, que tem como primeiro autor Pilar Guallar-Castillón.

Segundo Mário G. Lopes, este estudo é “um avanço no conhecimento desta área”. O médico explica que ao contrário dos óleos vegetais e azeite que se utilizam nos países mediterrâneos, os países com maiores problemas de doenças cardiovasculares, como os do Norte da Europa e os Estados Unidos, têm uma dieta rica em fritos feitos à base de gorduras animais, ricos em colesterol.

O estudo espanhol mostra a importância da gordura que se escolhe para cozinhar. “O mito que a comida frita é, na generalidade, má para o coração não é suportado”, disse Hugh Tunstall-Pedoe no editorial da revista, professor emérito em epidemiologia das doenças cardiovasculares. O artigo também sublinha os malefícios dos óleos que são utilizados várias vezes, uma prática recorrente na fast food. E é mais uma prova a favor da cozinha mediterrânea, que tradicionalmente também é rica em vegetais e fruta, importantes para o combate destas doenças.


Fonte: Publico

# publicada por Jorge M. Gonçalves : 12:39

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